estreia
“A voz do mar encheu o céu e a terra. Uma voz que está cheia e se quebra, e nunca mais acaba”.
No seu contínuo balanço, o mar traz e leva consigo memórias de todos os tempos.
Foi o mar que trouxe Vasco da Gama a Inhambane, cidade do sul de Moçambique batizada por ele de ‘Terra de Boa Gente’. E foi por mar que foram levadas de Inhambane milhares de pessoas escravizadas, muitas delas perdidas para sempre nas suas águas.
“— O mar é um mundo. No mar há vida. Há montanhas, plantas, vento e peixe. Há vida humana nas profundezas”.
Inspirados pela mitologia de Drexciya, que imagina um povo subaquático descendente de escravos africanos que foram deitados ao mar durante a travessia do Atlântico, e pelo testemunho de uma curandeira de Inhambane sobre as suas experiências com os espíritos do mar, OU reflete sobre múltiplos encontros. O encontro de dois corpos, com as suas forças, as suas abstrações, as suas histórias, as suas vontades. O encontro entre o mar e a terra, o visível e o invisível, o ancestral e o contemporâneo, o espiritual e o terra-à-terra.
Resultado de uma colaboração entre André Braga & Cláudia Figueiredo e Panaibra Canda, OU tomou como pronto de partida a paisagem de Inhambane, terra de memórias familiares e coloniais, onde o presente se mistura com as reverberações do passado.
“A memória enraíza-se no concreto, em espaços, gestos, imagens e objetos”. Interessa-nos pensar a História a partir a partir de outras perspectivas, outras vozes, outras linguagens e de um pensamento cruzado que sobrepõe passado, presente, futuro. Interessa-nos prosseguir com a pesquisa sobre o que Paul Carter chamou de “política do chão”: “um novo pisar que não terraplane o terreno, mas que deixe o chão galgar o corpo, determinar os gestos, os movimentos, numa nova coreografia social”.
Com uma linguagem fortemente transdisciplinar, OU entrelaça dança, som, vídeo, luz e palavra num tecido sensorial que convida à escuta e à imaginação. A proposta é um convite a pensar a História pela via da ficção, da fabulação, da presença fantasmagórica como forma de justiça e memória. — André Braga & Cláudia Figueiredo / Circolando – Central Elétrica com Panaibra Canda
estreia
€
Ficha técnica
Direção artística, desenvolvimento do conceito e dramaturgia
André Braga, Cláudia Figueiredo, Panaibra Canda em colaboração com
Gonçalo Mota e João Sarnadas
Interpretação
André Braga e Panaibra Canda
Sonoplastia
João Sarnadas
Vídeo
Gonçalo Mota
Luz
Santiago Rodríguez Tricot
Texto
Excertos da conversa com Constança José Beoula
Espaço cénico
André Braga em colaboração com toda a equipa
Figurinos
Sandra Neves
Apoio à construção
Joana Mesquita Alves, Sandra Neves, Pedro Coutinho e Nuno Guedes
Direção de produção
Ana Carvalhosa
Produção
Joana Mesquita Alves (coordenação de projeto) e Cláudia Santos
Apoio à administração
João Gravato
Coordenação técnica
Pedro Coutinho
Comunicação
Joana Borges
Coprodução
DDD – Festival Dias da Dança; São Luiz Teatro Municipal; Teatro das Figuras; Teatro Aveirense / CM Aveiro
Apoio e Coordenação em Moçambique
CulturArte Moçambique
Agradecimentos
Direção Provincial de Cultura e Turismo de Inhambane, Casa Provincial da Cultura de Inhambane, Centro Cultural Machavenga, Rui Horácio Mbande, Luis Luis Chauque, Ana Lúcia Cruz, Lizette Chirrime, grupo de participantes no workshop de criação em Inhambane, Ana Barata, Fernanda Araújo, Francisco Babo
Acessibilidade